A inflação sempre assolou e novamente causa
alerta ao Brasil a curto e médio prazo. Mas você sabe o que causa a inflação?
Sabe o que é a Lei da Oferta e da Demanda? Bem, é isso que essa postagem
buscará esclarecer.
Primeiramente aponta-se um adendo muito
importante aqui. Na visão desse que vos escreve, novamente aponta-se, que isso
deveria ser matéria básica da grade curricular de todo aluno de pelo menos o
Ensino Médio. Um assunto tão importante e que fará parte todo dia da vida do
futuro adulto precisa ser tratado com a devida atenção que merece, pois é inadmissível
majoritariamente a população adulta não compreender essa questão e vociferar asneiras
nas Redes Sociais a cerca disso. Ponto também a salientar que não só esse tema,
mas tantos outros que efetivamente se farão presente no dia-dia do futuro
adulto precisariam ser tratados na fase escolar.
Voltando ao tratado no preâmbulo
a Lei da Oferta e da Demanda é uma lei dita econômica, que porém afeta a todos,
e independentemente de se entender de economia ou não, é fácil a todos de ser
explicada e compreendida. Dentre outros aspectos que aqui não precisam ser
trazidos a tona, a referia lei diz que em um mercado de concorrência perfeita especificamente
se tratando de preços, os mesmos são determinados por “n” fatores que mexem na
relação da oferta de um produto e na demanda de consumo por ele. Esses fatores
podem ser, por exemplo, o desejo e necessidades da demanda, poder de compra,
disponibilidade do bem, existência de produtos similares, etc. Nesse sentido,
oferta e demanda em relação ao preço são inversamente proporcionais, em outras
palavras:
· Oferta baixa e demanda alta: Preço alto
·
Oferta baixa e demanda baixa: Preço normal
· Oferta alta e demanda baixa: Preço baixo
·
Oferta alta e demanda alta: Preço normal
* Lembrando que o “preço normal” não
necessariamente quer dizer o preço justo, haja vista é normal em um mercado
capitalista a busca pela maximização do lucro, porém significa dizer que é o
preço em que o mercado (demanda) aceita pagar, tendendo assim ao equilíbrio.
Consequentemente fica fácil de entender que
se, por exemplo, há falta de um produto no mercado (oferta baixa), com alta
demanda, haverá um aumento dos preços que resultará em um efeito cascata na
inflação. Assim o agente que desiquilibra, nesse exemplo, na teoria, é a
demanda, pois ela aceita pagar tal preço, do contrário ele se elevaria do mesmo
modo, porém por vezes menos abruptamente e tão alto. Mas é importante ressaltar
que a oferta pode ser impactada por diversos fatores, por vezes totalmente
externos. Vamos a alguns exemplos do que se percebe acontecendo atualmente:
· Aumento do preço da carne bovina: na proporção
entre oferta nacional e internacional a primeira diminuiu, pois passou-se a
vender mais para o mercado externo, e como esse paga em dólar, este estando em
alta, óbvio que quem vende por querer obter mais lucro vai preferir vender para
o mercado externo. Além disso, diminuiu o número de bovinos criados, tendo em
vista que por ter percebido que soja estava rendendo bem, muitas pastagens
foram transformada em plantações de soja.
· Aumento no preço da soja e milho: demanda
internacional aumentou muito e como estava pagando bem aumentou-se a produção
(oferta).
· Aumento do preço dos materiais de construção:
muitas empresas de materiais elétricos e hidráulicos, por exemplo, nos grandes
centros nacionais foram altamente impactados com o fechamento de plantas fabris.
Além disso a demanda aumentou, pois com o auxílio emergencial, mais pessoas
tiveram acesso a renda e alguns utilizaram a mesma para realizar pequenas
obras, e ainda como muitas pessoas passaram mais tempo em casa, deram mais
atenção para esse espaço, adequando-o para esse período e percebendo mais os “problemas”.
· Aumento do preço da energia elétrica: devido a
questões climáticas, e porque não ambientais, reservatórios estão mais vazios,
assim a oferta diminuiu enquanto a demanda ficou igual ou aumentou agora com um
início de pós pandemia com as empresa retomando a pleno vapor, assim também
fez-se necessário acionar outras forma de produção de energia que são mais
caras (exemplo as usinas termoelétrica).
Assim é burrice total querer comparar
períodos diferentes, bem como colocar toda a culpa em governo atual. Isso não
quer dizer que ele não tenha parcela nisso, porém na maioria das vezes, a sua
parcela de culpa está no que deixou de fazer no passado que resulta no
presente. Citando alguns dos mesmos exemplos acima expostos, apresenta-se o que
poderia ter sido feito pelo governo anos atrás para amenizar tal oferta baixa:
· Aumento do preço da carne bovina: ao perceber o
aumento da demanda internacional e mudança para o plantio de soja, haja vista
que tradicionalmente as pessoas pensam a curto prazo em ter maior retorno e se
tornam “Maria vai com as outras”, o governo poderia ter fornecido incentivos
para os produtos não migrarem, ou para trazer novos, como por exemplo, criando
ou facilitando o acesso a novas linhas de crédito.
· Aumento no preço da soja e milho: poderia ter
sido investido em celeiros para armazenamento de tais produtos, e em melhoria
das rodovias para evitar o desperdício no transporte.
· Aumento do preço da energia elétrica: sendo que
era previsível a baixa dos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas,
poder-se-ia anteriormente ter feito campanhas para redução do consumo de
energia elétrica e uso da água, bem como e ter investido mais em outras fontes
renováveis de produção de energia, como a eólica e solar, haja vista o país ter
alto potencial para isso. Também a questão ambiental pode ser citada, pois tais
mananciais por serem cruciais deveriam ter sido preservados.
Nesse sentido, o governo erra hoje em não fazer algumas das ações acima
elencadas que terão ainda mais consequências no futuro, como um “efeito
borboleta”. Mas também sim, tem aumentos de preços naturais e alguns não
devidamente justificáveis por vezes e que geram um pouco de inflação, mas não
quer dizer que necessariamente a inflação é ruim, mas o problema é que alta ela
prejudica o pais e o poder de compra dos brasileiros, e que mesmo quando baixa
o aumento de renda das pessoas nunca foi suficiente para cobrí-la.
Obviamente que não vivemos uma concorrência
perfeita, e que existem interesses obscuros por parte de agentes políticos,
empresas e pessoas, etc, mas compreendendo a lei da oferta e da demanda e assim
sabendo como é possível trabalhar com ela, inclusive para nosso benefício,
passamos a ter o poder em nossas mãos novamente, mas para isso faz-se
necessário deixarmos de ser leigos e nos transformarmos em agentes
transformadores.