É devagar, é devagar, é devagar, é devagar, devagarinho. É bem dessa forma, resumida em letra de música, que o Brasil anda desde a sua descoberta. Quer conhecer os porquês disto? Leia os parágrafos abaixo.
Pois bem, como todos já sabem (ou pelo
menos deveriam saber), o Brasil foi descoberto pelos portugueses (infelizmente)
em 1500 (pelo menos essa é a história dita “oficial”). Bem, tudo já começou
errado, porém o que ocorreu depois, ou melhor, o que não ocorreu é que acredito
ser um ponto crucial para nos levar até onde estamos hoje, que é quase a lugar
nenhum.
Primeiramente, passamos quase 3 séculos sem
nada de importante acontecer por aqui, com o território jogado as traças sendo
saqueado e recebendo criminosos, enquanto que na Europa no final do século
XVIII a Revolução Industrial já estava a todo vapor, os primeiros fatos
marcantes começaram a acontecer por aqui. Foi apenas no século XIX que grandes
mudanças aconteceram com a vinda do fugido Dom João XI.
Depois disso, a industrialização veio
apenas a partir de 1929, e de 1970 em uma segunda onda, e, por exemplo, a
abertura comercial praticamente apenas com Collor (uma das poucas coisas boas
que fez) no início dos anos 90, quando os veículos se popularizaram por aqui.
Dito isto, fica fácil de explicar como
nações tão mais novas do que a nossa, como Canadá, EUA, Austrália, e Nova
Zelândia nos passaram facilmente para trás.
Dando continuidade e chegando nessa linha
do tempo aos dias de hoje, percebe-se que em muita coisa o Brasil permanece
atrasado, um atraso que infelizmente não vai deixar de existir de uma hora para
outra.
Por exemplo, falando de tecnologia de
ponta, poucos são os ramos que atuam com o que há de mais moderno, muito devido
a necessidade de importação de equipamentos que tornam-se caros devido ao real
estar desvalorizado, e por não haver sua fabricação em território nacional. No
ramo da medicina, os equipamentos de alta geração estão dispostos na rede
privada, enquanto que na rede pública, nos hospitais padecem com equipamentos
muitas vezes sucateados, ficando a população de mãos atadas. Além disso, o
próprio governo se mexe pouco no intuito de atuar em prevenção, fica fazendo
campanhas milionárias em sua maioria apenas para se auto promover contando
seletivamente as histórias. Um maior e melhor investimento nessa área traria
ganhos extremos ao governo e ao país, pois a medicina avançou demais nos
últimos anos mundo a fora, enquanto o país também padece em investir em pesquisa
e pesquisadores.
Ainda nessa linha de tecnologia, chega-se a
outro ponto importante, a educação, pois por mais que se traga ao máximo
tecnologia de ponta ao Brasil, os usuários das máquinas e equipamentos não
estão devidamente capacitados para utilizar tais equipamentos. Isso porque,
ainda grande parcela da população nem concluiu o Ensino Fundamental, devido a
diversos fatores. Mas a verdade é que ao falar de educação, um dos fatores que
pode-se desmotivadores da mesma, é a ainda falta de valorização em muitos
casos, bem como a mesma não estimula os alunos. A educação no Brasil precisa
passar por uma reformulação, que somente a nova Base Comum Curricular não é
suficiente. Faz-se necessário torna-la mais atrativa, modificando as
metodologias atuais arcaicas de avaliação, e levando-a mais parto da prática.
Nesse atraso brasileiro está também
presente a cultura do povo, que em muito ainda é pautada pelo jeitinho e não
valorização do voto. Falando em voto, o sistema eleitoral também está atrasado,
primeiramente pelo motivo de o voto ser ainda obrigatório, e em segundo lugar
por não ser via cédulas ou impresso, diferentemente de todos os países
desenvolvidos do mundo, o que é no mínimo curioso.
Pode-se falar em atraso também ao comentar
um fato marcante recente no Brasil que foi o incêndio em um prédio comercial
abandonado no centro de São Paulo. É inadmissível que fosse permitida a
ocupação de tal espaço precário, muito menos que ainda haja tanta desigualdade
no país. Nesse ponto, também é incompreensível como que com tantas políticas
sociais adotados pelos governos petistas, tanta gente ainda passe pelo que
passa. Mas a verdade é que tais políticas foram conduzidas de forma errônea, na
base de dar direitos sem cobrar deveres, tudo única e exclusivamente em prol de
um projeto de governo socialista e quase que coronelista retrógrado.
Outro fato importante que também deve ser
caracterizado como obra do atraso do país foi a Paralisação/Greve dos
Caminhoneiros ocorrida nas últimas semanas de Maio e que literalmente parou o
país. O país ficou nas mãos de uma única classe devido a falta de visão de governantes
e o não investimento na melhoria da infraestrutura de transporte brasileira, a
qual está concentrada no transporte rodoviário em rodovias muitas vezes em
péssimas condições, ou seja, nem focando em uma única área apenas os governos
foram capazes de dar qualidade a esse modal de transporte. Um país tão grande
quanto o nosso deveria ter investido em ferrovias e no transporte por vias
fluviais através da cabotagem, o que seria muito mais barato, e tiraria a
supremacia de uma única classe, amenizando problemas como o ocorrido, mas
infelizmente estamos anos luz atrasado nisso também.
Esse fato, a greve, serve também para
mostrar como a democracia brasileira está atrasada e nada fortalecida, pois é
uma democracia ainda de má qualidade, onde o povo ao invés de se unir e reivindicar
as mudanças e melhorias necessárias, mostrou-se desunido entre apoiar ou não
apoiar, e mesmo entre os que apoiaram a causa cada um estava defendendo uma
bandeira diferente, sendo no fim, por falta de força, nenhuma delas devidamente
ouvida. Em resumo, somos um povo atrasado que quer mudanças, mas ao mesmo tempo
não sabe realmente o que quer. Somos individualistas e não pensamos no
coletivo, e assim os governantes ficam a rir da nossa cara e tirando cada vez
mais de nós, deixando-nos ainda mais atrasados.
Talvez seja por isso que uma simples
campanha realizada pela Rede Globo esta fazendo tanto sucesso, o tal do: O
Brasil Que Eu Quero Para o Futuro. O povo consciente está desiludido com a
política brasileira, e encontrou na campanha uma forma de mostrar o seu
descontentamento, todavia é interessante notar que nas urnas e no dia-dia,
esses pedidos, que muitas vezes parecem utopia em razão do estado em que nos
encontramos atualmente, parecem ser apenas de uma parcela mínima da população,
pois nada de realmente concreto está saindo de iniciativa popular. Os eleitos
são sempre os mesmos, as reformas necessárias para tentar equilibrar as contas
públicas não tem apoio, a prática de vender o voto é muito atual ainda. Assim
quem quer fazer a mudança fica desestimulado, e o atraso persiste e persistirá
ainda.
Enfim, explicitado tudo isso, espero ao
menos que todos tenham sã consciência desse atraso e lutem como podem para
torna-lo pelo menos menor para as futuras gerações, pois para a nossa geração o
tempo infelizmente já passou.