A hora da verdade para o corrente ano está
chegando, isso quando se fala em Brasil, afinal de contas em ano eleitoral é
sabido que o mesmo é praticamente perdido. O ano que já se previa desafiador
ganhou contornos ainda mais sombrios logo nos primeiros meses devido
principalmente a eventos externos que tem impacto fortíssimo e direto em um
país como o Brasil que é dependente de seu agronegócio e tem uma
infraestrutura, especialmente logística precária.
Por mais que o cenário de inflação atual é
global, aqui ele pega mais pesado ao encontrar uma sociedade mais desigual, e
isso tem reflexo direto no jogo eleitoral e no futuro da nação. Na maior parte
tudo isso é reflexo de coisas externas sem ingerência governamental do Brasil,
todavia também é sabido que alguns erros foram cometidos pelo governo
brasileiro, erros estes que estão custando caro e ajudaram a nos colocar em tal
situação.
Com a eleição de Bolsonaro em 2018 esperava-se uma guinada mais radical a direita no país, o que não aconteceu, e
também não é de todo mal, pois do contrário a esquerda poderia se prevalecer
disso em discurso para seu retorno. Porém nada do esperado aconteceu.
Obviamente que as intempéries que esse governo passou nunca existiram
anteriormente na história do país, principalmente em tão curto espaço de tempo
com um “tombo” atrás do outro. Também os agentes influentes da esquerda com
áreas estratégicas em seu poder não deram sossego ao governo, o que já se podia
esperar, mas aqui tudo se encaixou e Bolsonaro foi fisgado, principalmente pela
boca como um peixe, e isso já iniciou arruinando de cara o seu governo. Falas
sem pensar e descabidas dele e seus escolhidos para ministérios, demonstraram
um despreparo, surpreendendo especialmente tendo em vista que ela já era ancião no mundo político.
Por mais que a direita estivesse
organizada, a esquerda desorganizada ainda deu um show no quanto pior melhor,
mobilizando principalmente personalidades da mídia, inclusive estrangeiros e em
criar discursos rasos mas polêmicos em que o presidente caiu como um patinho.
Os disse não disse dele o foi enfraquecendo e seu egocentrismo em atacar
problemas e bandeiras não tão latentes (como os ataques ao STF, ao sistema
eleitoral, a adversários políticos, etc) o isolaram ainda mais, assim perdeu a
bancada com perdas de aliados que o ajudaram nas eleições e para permanecer no
poder teve de ceder ao centrão, fazendo cair por terra inúmeros dos seus
discursos. Assim teve de governar por MP’s e para aprovação criavam-se novelas
onde sempre teve de ir cedendo e perdeu o compasso de vez. Nem os auxílios
criados durante a pandemia conseguiu capitanear para o seu lado, pois no fim
foi a câmara e senado que decidiram o valor (por sinal maior que o previsto
pelo governo). Assim a parte técnica dos seus ministérios também foi ficando de
lado, e mais problemas de cunho exclusivamente de gestão foram surgindo no
dia-dia e ele e o país ficaram desgovernados.
É, os erros de Bolsonaro custaram caro, e assim
seus acertos ficam apagados (como a aprovação da autonomia do Banco Central, a
criação do PIX, a substituição do Bolsa Família, as obras concluídas e continuadas de governos anteriores como a tão
prometida Transposição do Rio São Francisco antes de pensar em novas, parcerias com empresários
internacionais como Elon Musk, e um governo teoricamente sem corrupção, etc), e
estamos perto de ver a esquerda voltar ao poder, e não por pouco tempo, quiçá
até em primeiro turno, e o que nos espera é uma enorme incógnita. A sorte dele,
e talvez não nossa, é que inúmeros nomes foram colocados em pauta para
representar a terceira via, porém politicamente nenhum deles conseguiu se
capitanear, e assim infelizmente intensificasse uma polarização nada benéfica
aos brasileiros de bem. Também a condução da pandemia foi desastrosa, por mais
que a recuperação do país tenha sido em “V”, e o tombo menor que o registrado
por países desenvolvidos. Embates desnecessários foram criados, especialmente
com os governos estaduais, que agora refletem na dificuldade de diminuição dos
impostos estaduais sobre o preço dos combustíveis, por exemplo.
Agora após um período pandêmico
aparentemente superado, por mais que novas doenças ainda sem respostas estejam
surgindo mundo a fora e podem vir a se tornarem as próximas pandemias, e ainda
após o país passar por um carnaval sem noção fora de época, o ano ao mesmo
tempo em que começa, chega perto do fim ao se encaminhar de vez para o período
eleitoral que se prevê desastroso, com campanhas sujas com muita acusação e
pouca proposta concreta, debates fracos e talvez inexistentes (afinal
acredita-se que seja difícil a presença de Bolsonaro neles), e focado nas redes
sociais com brigas entre a população.
Em nível estadual a disputa ainda está com
os nomes em aberto, porém inicialmente despontam dois nomes: o do atual
governador Carlos Moisés, e do senador Jorginho Mello que quer aproveitar o
bolsonarismo forte do estado, e correndo até por perto Gean Loureiro. Possivelmente por aqui teremos segundo turno.
Moisés apesar de um início de governo lento e com algumas coisas ainda obscuras
a serem esclarecidas, em princípio se encontrou na politica ao negociar sua
permanência no poder em dois processos de impeachment, conduziu bem a pandemia
no estado, e vem fazendo fortes investimentos estando com um bom saldo em caixa
no governo mesmo aumentando substancialmente salários de servidores como os da
educação, e fazendo um forte esforço inédito de descentralização de recursos
destinando-os aos municípios. Assim, por mais de também ter cometidos erros, ao
se desassociar de Bolsonaro e ter perdido oportunidades com isso de trazer mais
investimentos federais ao estado, e da falta de investimentos nas rodovias
estaduais já asfaltadas, especialmente no oeste do estado que encontram-se em
péssimas condições, merece palmas.
O negócio é esperar, ter consciência no voto e ver no que vai dar, afinal de contas a única coisa que se pode ter certeza, é que independentemente do lado vencedor, no dia seguinte voltamos a nossa rotina, esperando mais uma vez que o ano seguinte seja melhor.