Alguns novos males marcarão o século 21 e os seguintes, tendo em vista a evolução da sociedade e coisas novas pelas quais diariamente surgem. Nesse sentido, é mais que nítido ultimamente a predominância pelo pensamento raso nas pessoas. Poucos são aqueles que vão a fundo em alguma questão, que refletem sobre o que veem, ouvem e leem, e assim advém um mal desse século; o analfabetismo funcional.
É bem verdade que isso não é algo relativamente novo, porém nos últimos anos se acelerou muito tornando-se nítido no dia-dia. Também é verdade que biologicamente o cérebro humano é preguiçoso se esforçando o mínimo possível para economizar energia a ser gasta com outros processos biológicos em nosso corpo, porém isso não justifica o pensamento mínimo ter se tornado deliberadamente por muitas pessoas via de regra.
Cada vez mais percebe-se que as
pessoas deixam as outras decidirem e concluírem por si. Talvez até por isso que
se vê a grande mídia influenciar cada vez mais as pessoas, opinando e não
noticiando. O próprio fenômeno das ditas Fake News advém desse comportamento
humano de pensar menos, e não porque existe uma “máquina” de espalhar mentiras.
Esse comportamento está também atrelado ao
senso de julgamento humano caracterizado pelo julgamento “pela capa”. As
pessoas mostram-se cada vez mais desinteressadas pelo outro, em procurar a
entender e conhecer melhor o outro, e o mesmo se aplica para todo o restante.
As pessoas estão lendo menos, se importando menos com aquilo que tem reflexo
diário em suas vidas, um movimento inversamente proporcional ao que todos
imaginavam que seria do futuro. O bem estar coletivo foi deixado de lado por um
bem estar individual.
Ao ouvir algo que nem sabem se a história é
realmente bem assim, já passam adiante, compartilham notícias só pelo que leem
no título, muitas vezes tendenciosos propositalmente de acordo com o interesse
daquela mídia. O texto não é apreciado, e não se busca entender o porquê ou o
que está por trás daquilo, haja vista que para quase tudo há uma razão lógica.
Para perceber isso na prática é muito fácil, basta verificar os comentários
abaixo de alguma publicação de alguma informação em rede social, os comentários
trarão xingamentos, hipóteses, justificativas, etc, que não constarão no texto
da matéria, ou ainda que na mesma estarão devidamente apontadas opostamente
aquele comentário. O que me faz chegar a conclusão de que se por ventura o
texto foi efetivamente lido, ele foi interpretado incorretamente demonstrando
claramente um analfabetismo funcional.
Sim, ninguém obviamente é obrigado a
concordar com aquilo que está escrito, mas para dizer isso eu preciso ler e
entender pelo menos minimamente o que está escrito para poder contra
argumentar. Se não ficou claro para mim o texto, pode-se utilizar da maravilha
da tecnologia da informação e procurar outros textos ou pesquisar mais sobre o
assunto muito rapidamente acessando a informação que está disponível na palma
da sua mão com o celular.
Quer um exemplo? Falemos sobre a inflação
atual no Brasil, que primeiro não é exclusividade do nosso país, mundialmente
os preços, principalmente dos alimentos está alcançando níveis recordes de
inflação, e sim, no caso do Brasil tem a ver com políticas errôneas
governamentais, mas não é causada exclusivamente por isso. Falta de insumos,
devido a paralização de produção durante o auge da pandemia, problemas
logísticos principalmente nos transportes marítimos, seca no país, etc,
impactam diretamente nos preços, e isso é algo fora do alcance governamental
direto. Pesquise sobre a falta de insumos, por exemplo, para a agricultura como
fertilizantes, que será percebido que mundialmente isso está ocorrendo, com os
preços lá em cima dos mesmos, e problemas logísticos, e como isso gera um
efeito cascata, nos níveis acima todos os preços vão aumentando gradativamente
e automaticamente, afinal de contas todos precisam lucrar para se manterem. No
caso da indústria automobilística, outro exemplo, o mesmo vem ocorrendo, faltam
chips e componentes eletrônicos mundialmente, reflexo disso é o aumento dos
preços de carros novos, com consequente busca pelos consumidores por carros
seminovos, e subsequentemente pela lei da oferta e demanda, aumento dos preços
destes.
Assim, na sociedade da informação tão acessível, o conhecimento não anda na mesma velocidade e deixa-se de aproveitar o máximo dela.