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quarta-feira, 27 de abril de 2016

O Brasil e a Não Valorizada Agropecuária: As Commodities Valem Ouro e “Salvam” Nosso PIB

    O Brasil, não é de hoje, mas desde meados de 2012/2013 passa por uma profunda crise econômica (institucional na verdade) a qual vem se intensificando, sendo visível diariamente em nosso dia-dia, seja em nossas cidades ou por meio dos meios de comunicação que a cada dia anunciam novos dados e informações desanimadores, como a alta do desemprego e os números negativos do PIB brasileiro, porém tem um setor que apesar das dificuldades, mesmo diante de todo esse cenário negativo tem o que comemorar, e se não fosse esse setor os números econômicos do país seriam ainda piores, esse setor é a agropecuária.
  Essa não é a primeira vez que escrevo a respeito da agropecuária, porém diante da situação atual não poderia deixar de destacá-la, pois mesmo diante desse cenário caótico do país, ela vem se desenvolvendo e tendo bons resultados, apesar de todo o menosprezo dos governos e das pessoas que a mesma recebe.
    Vale salientar que a agropecuária é o conjunto de atividades primárias associadas ao cultivo de plantas (agricultura) e à criação de animais (pecuária) que são utilizados no consumo humano ou como matérias-primas para a fabricação de roupas, medicamentos, biocombustíveis, produtos de beleza, etc, sendo assim se não se cria e planta ninguém come.
     Mediante isso vamos aos números:
    - O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2015 teve uma retração de 3,8% puxada pelas altas quedas dos setores da indústria e serviços, entretanto a agropecuária no mesmo período teve um aumento de 1,8% em relação a 2014.
  - Enquanto nos primeiros 3 meses desse ano o Brasil segundo o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) perdeu 319.150 vagas de emprego, puxado pela indústria (-69.508), serviços (-41.852) e construção civil (-41.883), a agropecuária perdeu apenas 6.103 vagas de emprego.
    Entretanto, apesar de estes serem bons resultados em comparação aos outros setores da economia, eles são muito pequenos em relação a toda a capacidade que o país tem, pois temos um território enorme e em sua maioria fértil que ainda não é aproveitado e se o é, é muito mal utilizado vide o Japão, por exemplo, que com um território muito menor que o do nosso país e muito mais acidentado, é campeão em produtividade como no caso do arroz, sendo isso possível através do desenvolvimento de tecnologias.
  No Brasil isso é diferente, pois todos os estados são produtivos, cada um com suas características, inclusive o nordeste que apesar de sofrer com a seca produz frutas através da irrigação, mesmo sem ainda contar com a tal transposição do Rio São Francisco, que aliás é objeto de campanha política do governo atual desde 2002, que, contudo ainda não foi concluído, estando ainda longe disso.
    É importante lembrar que o Brasil começou a sua história (afinal podemos dizer que somos um país na flor da juventude) a pouco mais de 500 anos atrás por esse setor, originalmente somos um país de commodities, no início com o Pau Brasil, passando pela extração do ouro, o café, o açúcar, o minério de ferro, etc. Imigrantes foram trazidos e seduzidos pra cá devido a essa imagem, escravos, alemães e italianos vieram pra cá para trabalhar nas terras, sendo que lhes foi oferecido uma espécie de “terra prometida”, que até hoje não deixa de ser prometida, afinal o nosso real potencial agropecuário nunca foi realmente totalmente posto em prática.
    Nos dias de hoje nossos produtos continuam a ser exportados como matéria-prima, abrem caminho no exterior para o país, um exemplo é a carne de frango e suína que de vez em quanto são manchetes de jornais quando atingem um novo mercado consumidor, porém muitos dos nossos produtos permanecem ainda apenas como commodities, pois saem daqui mas são industrializados fora, e lá no mercado internacional tornam-se um dos melhores do mundo e artigos de luxo como a laranja, o café, o cacau, e outros. Inclusive lá nos tradicionais centros culturais nosso café é o mais cobiçado, e o melhor chocolate do mundo, o suíço, nasce aqui, no nosso país.
   Ainda assim faltam incentivos, poucas linhas de crédito para esse setor são criadas, pouca tecnologia é desenvolvida e utilizada, ficando só os nobres na “lida”, criando grandes latifúndios como já era antigamente, o que gera oligarquias que passam a controlar os preços, assim pequenos produtores estão largando o campo e entrando para as estatísticas de desemprego e inflando as cidades. Como se já não bastasse isso, o governo ainda apoia movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), que invade terras que muitas vezes não são tão produtivas por esse não incentivo, e mesmo que não fosse produtiva deve-se respeitar o direito a propriedade privada, porém por meio de lei poderia ser instituído a obrigatoriedade, de, por exemplo, serem produtivas. Cumulativamente a esses apontamentos, temos ainda que destacar que as terras brasileiras são muito mal aproveitadas, improdutivas, e temos um altíssimo custo de produção, principalmente com fertilizantes e agrotóxicos que tiveram ultimamente um súbito encarecimento enquanto o valor pago pelo produto aos produtores não teve um aumento nos mesmos patamares, mesmo assim o consumidor final sente na pele o reflexo disso, com o preço desses produtos cada dia mais caros nos supermercados. Temos ainda um manejo incorreto das terras, aliás os órgãos governamentais voltados ao setor fazem muito pouco, além de altos custos de transporte devido as péssimas condições das estradas brasileiras, que ainda por cima faz com que as perdas e desperdício ocorram em níveis alarmantes mesmo.
   Assim, precisamos difundir uma nova visão em relação a esse setor e as pessoas inseridas nele e haver uma valorização real das mesmas, pois não vamos deixar de ser produtores, porém podemos e devíamos aproveitar muito mais esse enorme potencial, que muito pode nos fazer crescer e nos levar a novos patamares.

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